Na manhã desta segunda-feira (9), aproximadamente 500 trabalhadores da construção civil suspenderam temporariamente suas atividades em canteiros de obras de empreendimentos de luxo no bairro Royal Park, em Campo Grande (MS). A paralisação foi motivada por reivindicações relacionadas ao reajuste salarial, assistência médica e fornecimento de vale-alimentação.
A categoria está em negociação com as construtoras após o vencimento da data-base, e até o momento, não houve acordo. De acordo com Elizeu Pacheco, secretário-geral do Sintracom (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil e do Mobiliário), um servente recebe, em média, R$ 1.500 mensais, com uma carga horária de 40 a 44 horas por semana. Apesar da rotina intensa, muitos desses profissionais não contam com benefícios básicos como plano de saúde ou auxílio para alimentação.
Pacheco destacou que há uma disparidade significativa entre os cargos administrativos e operacionais: "Engenheiros e administradores possuem vantagens que os pedreiros e serventes não têm. Estamos solicitando a inclusão de um plano de saúde acessível que atenda também os familiares dos trabalhadores. Hoje, os valores são tão baixos que inviabilizam esse tipo de benefício para muitos."
Gilva da Silva, que atua como pedreiro especialista há sete anos, também expressou insatisfação. Segundo ele, os salários não acompanham o aumento do custo de vida. "Está difícil até fazer uma compra completa no mercado. A gente trabalha pesado, mas somos tratados como se fôssemos descartáveis. Preferem terceirizar o serviço e deixar a gente de lado. Carne virou luxo, a mistura do dia a dia agora é ovo", lamenta.
A mobilização desta segunda-feira estava prevista para durar até às 9h. No entanto, o sindicato afirmou que, caso não haja um posicionamento das empresas, a paralisação pode evoluir para uma greve. A data-base da categoria era em março, e desde então, foram realizadas três rodadas de negociação com o Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil), todas sem consenso.
Além da capital, a mobilização atinge cerca de 30 mil trabalhadores em várias cidades do interior do Mato Grosso do Sul, ampliando a pressão sobre o setor da construção civil no estado.